EVOLUÇÃO DAS PARADINHAS

01-02-2011 12:35

 

 

 

Família Moralistas, prezados amigos, saudações!

Sempre fui um apaixonado pelas baterias das escolas de samba. Com o passar do tempo além de gostar de ouvir passei a observar melhor como era a evolução de cada instrumento. Aos poucos a sensibilidade com cada som, cada batida foi aumentando e o senso crítico também. Então surgiram as minhas baterias preferidas e, apesar das famosas “paradinhas” terem sido criadas, primeiramente, pela Mocidade Independente de Padre Miguel, a escola que se destacou sob meus olhares neste sentido foi a União da Ilha do Governador, escola que passou a ser a minha preferida no Rio de Janeiro.

Com o tempo todas as escolas passaram a realizar estas evoluções, ou quase todas.

Mas estas “paradinhas”, “evoluções” ou “bossas” como queiram, têm o objetivo de, muito além de mostrar a qualidade das baterias e seus componentes, darem alegria ao samba, chamar o público a cantar o samba, mas sem perder o compasso do samba. O intérprete tem que ser capaz de cantar normalmente o samba, sem ter que alterar a velocidade para se adequar às “paradinhas”, o que mostra que essas estão bem elaboradas e encaixadas nos sambas de enredo que acompanham.

Hoje temos diversas escolas das quais suas baterias são especialistas neste quesito como a Ilha, Viradouro, Salgueiro, Grande Rio e outras diversas.

Fica apenas uma crítica a algumas escolas ou “mestres” de bateria que esquecem que, a principal função de uma bateria é acompanhar o samba e não fazer paradinhas. As paradinhas devem ser elaboradas conforme o próprio samba pede, os instrumentos certos devem fazer as evoluções no momento certo, claro que vale muito a criatividade de seus mestres de bateria, mas não pode esquecer que o importante é acompanhar o samba sem “atravessar”. Tem bateria por aí atravessando durante todo o samba, com paradinhas a cada duas frases dos sambas, infelizmente o “povão”, no embalo e no calor da euforia acha que a bateria é a melhor de todas e acabam por não valorizar àquelas que realmente evoluem como deveriam. Se ligarmos um metrônomo, que é um aparelho para acompanhamento da velocidade dos compassos, veremos que algumas paradinhas fazem com que o samba “corra” ou fique mais lentos em alguns momentos. Isso também pode ser observado através dos intérpretes que, acabam tendo que correr ou cantar mais lento para acompanhar a bateria, quando na verdade ela deveria dar o ritmo e fazer o acompanhamento dos interpretes. Aí, vem um jurado, que realmente entende o assunto, e dá uma nota baixa, todo mundo critica e fala que é armação.

Antes de criticar ou elogiar demais é preciso bom senso e olhar crítico, caso contrário vamos ficar na empolgação do momento, mas deixemos que os entendidos contratados para analisar com critério, que o façam com imparcialidade.

Gostaria de deixar claro que esta crítica é construtiva, para que a cada dia, possamos fazer uma samba de maior qualidade e, quando a qualidade de uma escola aumenta, as demais também devem correr atrás para evoluírem, evoluírem não só na bateria, mas em todos os quesitos, aumentando e melhorando a cada dia a qualidade do samba, que é nossa raiz e nossa razão de ser na música.

Carnaval é alegria, mas qualidade é importantíssimo. Os nossos olhos, ouvidos e pernas agradecem!

Um abraço.